Luz Solar

Sergel Torget, no centro de Estocolmo
Sim, ai... É escuro, muito escuro aqui em Estocolmo agora no outono/inverno... Até que chegue o dia 21/12, dia do Solstício de Inverno no hemisfério norte, os dias vão ficando mais e mais curtos... o sol nasce cada dia mais tarde e se põe cada dia mais cedo. Como tem chovido muito, há muitas nuvens no céu e em dias como hoje, não é possível ver o sol. Não que o dia todo fique escuro, mas bem nublado... Tive que acender as luzes do apartamento já de manhã! É engraçado. É bonito de ver... 
Achei interessante esse texto que reproduzo abaixo. Estava no jornal METRO de ontem, 09/11/12:

"Este mês de outubro ofereceu menos luz solar que o norma, na maioria dos lugares da Suécia, segundo o site weatherpal.se. O pior lugar foi Östersund, que teve apenas 58 horas de luz solar (normalmente há 72). O lugar que teve mais horas de luz solar foi Lund, com 102 horas".

Agora divida essas horas de luz solar por 31 dias, que é o total de dias no mês de outubro. Resultado:

- O lugar com mais luz do sol na Suécia no mês de outubro de 2012 teve uma média de 3,29 horas de luz solar por dia

- O lugar com menos luz do sol na Suécia no mês de outubro de 2012 teve uma média de 1,87 horas de luz solar por dia

Que loucura!!!!!!!!

Cheguei no aeroporto. E agora?

Continuação do post "Primeira Viagem de Avião"


2 - Cheguei no aeroporto. E agora?
Primeira coisa a fazer é procurar uma tabela de partidas e chegadas. Às vezes são telas gigantescas; às vezes nem tanto. Lá estão listados todos os voos que partem e chegam daquele aeroporto. Eles estão listados por ordem de horário de decolagem - no caso de partidas -, ou de aterrissagem - no caso de chegadas. Eles são mais ou menos como o da foto abaixo.



Na frente da hora do seu voo você verá o número do voo (que inicia com duas letras, fazendo referência à linha aérea que opera seu voo). Você também verá o número do balcão de check-in. Pronto! Agora você já sabe pra onde ir. Siga as placas do aeroporto e encontre o balcão pra onde você tem que ir.

3 - Fazendo o check-in
Hoje em dia é muito comum que os passageiros tenham que fazer o check-in em máquinas automáticas e usem o balcão de check-in apenas para despachar as malas. Se o seu voo exigir que você faça isso, haverá uma placa na entrada da fila para o balcão pedindo para que você faça o check-in nas máquinas. Dirija-se até uma delas, que ficam espalhadas pelo aeroporto, e siga as instruções na tela. É muito simples. Se precisar de ajuda, não tenha medo de pedir! Ao final, o seu cartão de embarque será impresso, com seu nome, o horário de partida, o portão de embarque e talvez o seu assento no avião.


Quando chegar a hora de ir ao balcão de check-in, com sorte, você não terá que enfrentar fila! :) Mas se tiver, aí sim você vai dizer: "nossa, que bom que cheguei cedo!!". Se você está viajando com outra(s) pessoa(s), vocês podem ir juntos até o balcão ;-)




Quando estiver perto da sua hora de ser atendido, tenha à mão seu passaporte e seu e-ticket, caso você tenha comprado sua passagem pela internet.
O atendente pedirá seu passaporte e perguntará se você não está levando nenhum dos itens proibidos na mala de mão (para saber sobre os itens proibidos, clique aqui). Ele, então, pedirá a você que coloque sua mala a ser despachada (a pesadona) na esteira e ela será pesada. Caso você esteja levando mais quilos do que o permitido, você terá que tirar algumas coisas até deixar com o peso permitido. E às vezes acontece de eles serem bem rigorosos. Uma vez eu estava com uma mala de 27 kilos e meu marido carregava uma de 23. O limite era 25. Apesar do meu pedido, o atendente não permitiu que deixássemos as malas daquele jeito (as duas juntas tinham 25 quilos cada, em média), e me fez passar dois quilos de uma para outra... Não precisa ser EXATO... eles dão uma quebradinha em gramas, mas não conte muito com isso. Se você não tiver como deixar sua mala mais leve, terá que pagar por excesso de bagagem.

4 - A área de embarque
Saindo do balcão do check-in, vá direto ao portão de embarque. Há mais filas para enfrentar, então não fique zanzando muito pra lá e pra cá. Faça o que tem que fazer a fim de não ter que ficar nervoso, achando que não vai dar tempo de pegar o voo. Mas que portão de embarque?

Ao final do check-in, o atendente escreverá / imprimirá no seu cartão de embarque (sua passagem) o portão a que você deve se dirigir a fim de embarcar (o portão de embarque). Algo como A14 ou G6. Se você fez o check-in nas máquinas, é provável que o portão já esteja impresso no seu cartão de embarque!
Novamente, siga as placas do aeroporto (ou pergunte! Não tenha medo!) e vá até lá. Haverá uma pessoa bem na entrada do portão que pedirá pra ver seu cartão de embarque e o escaneará.

Fique ligado pra saber como passar nos raios-x!!

E o frio está só começando...

Tem dias que eu odeio morar na Suécia. Como hoje, quando acordei gripada, com o corpo pesado e a voz fanha. Pelo menos quando olhei pela janela vi um céu azul lindo, e o sol brilhando, apesar de ser apenas 6:50 da manhã. Hoje é dia 21/9/12, e oficialmente, como aprendi na escola, o dia em que se inicia a primavera no hemisfério sul e  o outono no hemisfério norte, por causa da inclinação da Terra, que atinge um ângulo especial por volta do dia 21/9. Mas aqui ninguém acredita nisso, e acha que o outono já começou há muito tempo, no meio de agosto, e que o meio do verão cai no dia 21/6, quando eles comemoram o feriado do Midsommar (que, traduzido, significa “meio do verão”). Como eles podem ser tão bem estudados e não saberem essas coisas básicas? 

Mas quando olhei no termômetro, que sensação… 4,7 graus, e o inverno nem começou… pra mim, isso é quase zero. Penso mil vezes se devo ou não ir ao trabalho, mas não estou a fim de ter um furo no meu orçamento*. Decido ir, com roupas bem quentinhas… e sei que vou ser única na rua a usar uma blusa de lã, protetores de orelha e ainda com gorro por cima, casaco de lã e cachecol… porque já descobri que para os suecos o verão se resume à presença da luz solar, e o inverno, à falta dela. E enquanto se tem luz solar, os casacos pesados, os gorros e luvas são artigos proibidos, e não importa quão baixo o termômetro marque. Gorros, luvas e casacos quentes são somente para o período de escuridão, o inverno. Mas eu sou planta tropical, e não tenho os genes preparados para esse tipo de clima. Meu genótipo é veranil, embora eu insista num fenótipo mais invernal – obrigação de quem escolhe morar perto do pólo norte! E saio na rua com todo o meu equipamento de inverno… e sou a única a me vestir assim. Você já sonhou que chegou a uma festa e descobriu que estava pelado? A maioria das pessoas tem esse tipo de sonho, em que percebe estar em total discordância com o local visitado... pois é assim que me senti. Mas a sensação maior não é a de “que vergonha, sou a única a me vestir assim?”. Não! É mais uma coisa do tipo: “puta que pariu, se eu estou usando todos os meus equipamentos de inverno agora, que é o primeiro dia de outono, o que será de mim quando o inverno chegar de verdade?”. E o lance é que vou de bicicleta para o trabalho, e o vento é muito frio, meu nariz escorre… Chego ao escritório e entro no elevador vazio, que dá um soquinho quando começa a se movimentar. E por um segundo eu peço a deus que ele quebre e me prenda por umas quatro horas lá dentro, assim eu posso deitar no chão e descansar – eu até tenho um livro bacana na bolsa! Mas pra minha tristeza o elevador passa por boa manutenção - como tudo na Suécia, aliás - e me leva com segurança ao sexto andar. Não tem jeito. 8 da manhã e já estou lá, com a cara colada no computador, uma caixa de lenços ao meu lado, tremendo dentro da blusa de lã mais grossa que tenho (aquela que no Brasil eu só usava quando ia pra uma festa ao ar livre e sabia que ia ficar no sereno até de madrugada!) enquanto meus colegas passeiam pela minha frente vestindo simples camisas de algodão e saias sem meia-calça. Como eles conseguem???

*Segundo a legislação sueca, o primeiro dia de falta do trabalho por motivo de doença é descontado do salário.

Primeira viagem de avião!

Então é a primeira vez que você vai viajar de avião? Ou talvez não seja a primeira vez, mas mesmo assim você está meio inseguro quanto a todo o processo de ir ao aeroporto, fazer o check-in, entrar no avião... Então esta série de posts foi escrito pra você!

Neste post vou falar sobre como se preparar para ir para o aeroporto.
Não perca os próximos, sobre o que fazer quando chegar ao aeroporto, como fazer check-in, como passar pelos raios-x, e mais...

ANTES DE IR PARA O AEROPORTO.

Certifique-se de que suas malas estão devidamente trancadas, que as chaves estão em sua mão e que sua mala de mão não contém nenhum ítem proibido (ver o post "Preparando a Mala de Mão", sobre isso).

Certifique-se também de que as suas malas estão devidamente etiquetadas, e que você caprichou na letrinha em que escreveu seu nome, telefone e e-mail, assim, caso sua mala seja extraviada, os caras vão conseguir ler pra quem e pra onde eles devem ligar!


1 - Indo pro aeroporto
Chegue ao aeroporto com antecedência! Melhor ter tempo demais que de menos, concorda? Se está partindo de São Paulo, que tem trânsito e filas, coloque na sua cabeça que seu dia vai ser dedicado à viagem. Ou seja, não queira fazer muitas coisas nesse dia, como ir do outro lado da cidade pra se despedir da tia-avó, ou marcar um super almoço com seus amigos! Não se atrase fazendo outras coisas. Pense que a prioridade do dia é a viagem!

Se vai pegar um voo internacional, chegar no aeroporto 3 horas antes da decolagem é um tempo bom.  Antes de sair de casa, leia nas procure saber de qual terminal seu avião sai e dirija-se até lá.

Conte quantos volumes você carrega. Uma mala pesada (1), uma de mão (2), uma bolsa feminina (3) e um casaco (4), por exemplo! Seu número é 4. Toda vez que você levar aquele susto e pensar: "putz, perdi algo!", reconte seus volumes e acalme-se.

Cheque: passaporte está na bolsa? Sua pastinha com documentos está na mala de mão? Está levando os cartões de crédito? Pronto! Qualquer outra coisa você pode comprar depois. O imprescindível meeeesmo são essas coisas aí.

Fique tranquilo, tudo vai dar certo e o aeroporto é cheio de pessoas preparadas para te ajudar! Para saber o que fazer quando chegar ao aeroporto, leia o post: "Cheguei no aeroporto. E agora?".

Até!
Esta matéria do G1 ilustra bem a sociedade sueca! Eles são tão certinhos e honestos!!! Vejam que:


1 - eles continuam pagando "o mesmo" prêmio (corrigido, é lógico) aos ganhadores do Nobel, desde 1901!!!!


2 - hoje não há crise financeira alguma na fundação Nobel, mas ainda assim eles decidiram reduzir o valor do prêmio. Pensando no futuro! (eles planejam TUDO! Me disseram uma vez que antes de saírem para um café com amigos, os suecos planejam inclusive os assuntos que vão puxar! Não sei se é verdade... Todo sueco pra quem eu pergunto nega, mas não sei não... não é de se duvidar!)



Crise financeira faz Fundação Nobel 



reduzir em 20% valor de seus prêmios

Agraciados vão receber o equivalente a US$ 1.125.600.
Redução tem objetivo de preservar capital no 'longo prazo', diz fundação.

Da AFP
A Fundação Nobel anunciou nesta segunda-feira (11) que, em 2012, as pessoas que receberem seu prestigioso prêmio receberão um valor 20% inferior a seus predecesores.
"A Fundação Nobel fixou o montante da remuneração dos prêmios Nobel 2012 em 8 milhões de coroas (US$ 1.125.600) por prêmio", anunciou em um comunicado, recordando que, desde 2001, a recompensa era de 10 milhões de coroas (US$ 1.407.000).
"Trata-se de uma medida necessária para evitar colocar em perigo o capital (da fundação) num longo prazo, levando em conta a crise financeira", explicou a entidade.
O total de 8 milhões de coroas atribuído a cada premiado em 2012, corrigido pela inflação ao longo dos anos, equivale às 150.782 coroas entregues aos primeiros premiados em 1901, segundo o presidente da Fundação, Lars Heikensten.
"O valor está no fato de que se trata de um prêmio absolutamente único", destacou.

Essa onda de planejamento é boa. Tem inúmeras vantagens... mas ainda acho tão esquisito! Não consigo me adaptar totalmente! 
Meus amiguinhos suecos me mandam mensagens do tipo:
"Oi, Priscila. Que tal saírmos para um café na semana 30?". SEMANA 30??? Que raio é esse?? (Detalhe... é sempre com duas semanas de antecedência. Coisa do tipo: "vamos nos ver depois do trabalho?", ou "passe em casa qualquer dia" simplesmente não existem).
Desisti de ir na academia porque o sistema é assim: você tem um cartão (tipo de crédito) com login e senha. Pra participar das aulas, vai na internet e marca. COM DUAS SEMANAS DE ANTECEDÊNCIA. ENTENDEU? VOU REPETIR: COM DU-AS SEMANAS DE ANTECEDÊNCIA!!! Ainda assim, há i risco (grande, diga-se de passagem), de você ficar na lista de espera de uma aula! Absurdo! Talvez isso funcione pra quem seja mais ligado em esportes. Mas como eu não sou, não consigo saber se daqui a duas quintas-feiras às 17:45 eu vou estar a fim de ir na aula de aeróbica... e na sexta seguinte, às 19:00, na aula de body pump...
Os carinhas novinhos, assim, tipo 19 anos... (dá até dó da falta de espontaneidade...) num papo mais sério, eles te contam em detalhes tudo o que farão nos próximos 20 anos de suas vidas... 3 anos trabalhando nisso, depois eles compram um apartamento, viajam por 3 meses pela Ásia. Quando voltarem, vão trabalhar numa empresa assim assim e assado, em tal posição... e por aí vai...
As férias de verão são planejadas a cada verão. Ou seja, com um ano de antecedência. Eles sabem pra onde vão, onde vão ficar e inclusive - história real!!! - que para chegar até o destino final, vão dirigir por x horas, dormir em tal cidade no hotel y e seguir viagem a partir de tal hora da manhã. 
Planejamento é bom, eu sei. Tenho plena consciência de que se o Brasil e os brasileiros só teriam ganhos se aprendessem a planejar a família, os gastos, a vida... Eu tenho aprendido HORRORES nessa minha experiência sueca. Tudo está bem! Mas é legal fazer um equilíbrio e saber lidar com coisas inesperadas. O que assusta aqui é que quase não há algo que seja feito assim, porque deu vontade. E quando alguma coisa acontece fora do planejado - quando alguém anda de bicicleta alguns metros pela calçada (e não na ciclovia), quando algém vai pegar uma encomenda e esquece a identidade, quando eles esbarram sem querer numa pessoa no meio do caminho... -, eles meio que surtam. Eu percebo que eles têm maior dificuldade em lidar com o inesperado (assim como eu tenho dificuldade em lidar com o planejado! rsrsrs). 
Sou só eu ou é coisa de brasileiro ser mais espontâneo? Você é assim, todo planejadinho(a)?
PS: agora o blog tem uma página no facebook! Curta-a! http://www.facebook.com/NalgumCanto

Inovações suecas! Não perca a mostra no Rio

Acabei de ler um artigo interessantíssimo que quero compartilhar com vocês! Principalmente se você é do Rio, não deixe de ler (nem de ir à mostra!!!).

Clique aqui para ler o artigo

Desabafo!


Excesso de autoconfiaça se transforma em arrogância, refletida e traduzida em trejeitos, atitudes e até aparência. Como tem disso no mundo! Argh!

E o que me impressiona aqui na Suécia (ou pelo menos em Estocolmo) é que as menininhas de cerca de 13 anos já são assim. Super cheias de si! Sabem tudo, enfrentam tudo! Colocam a maquiagem no rosto, suas jaquetas de couro e saem pela rua, rebolando e com o nariz empinado. Quando crescem viram essas adultas chatas!!!!!!!!! AAAAAAaaaaaaaaaahhhhh!

Por isso, cuidado! Ensine sim seus filhos a gostarem de si próprios, mas não os incentive a achar que são as melhores pessoas do mundo! Quem pensa assim nunca entende a necessidade de se desenvolver e nunca vai respeitar o próximo!

Viva o Skype! Viva a amizade!

Sou muito grata ao SKYPE! É graças a essa maravilha do mundo tecnológico que mantenho contato com as pessoas queridas de quem me distanciei fisicamente! Mas de que adiantaria o skype se não fossem as pessoas? Familiares e amigos... Sou muito feliz por ter amigos tão bons em minha vida... que no meio do domingo me "telefonam" pelo skype... e de repente duas horas se passaram em meio a filosofias, psicologizações, reflexões... tudo como tem que ser! Ah, que gostoso... mais gostoso seria tê-los aqui na cozinha, café passadinho na hora, um bolinho de fubá saindo do forno... mas vale assim mesmo, pela tela! Dá mais alegria, me dá energia. Que bom saber que há pessoas tão lindas assim no mundo! Queria tê-los sempre por perto. Mas se não dá pra tê-los aqui na cozinha, pelo menos tenho-os sempre dentro do meu coração!

Médicos em Estocolmo


  É só porque tenho preguiça de escrever, mas na verdade quase todos os dias eu tenho material novo pra escrever posts neste blog sobre curiosidades do mundo fora do Brasil! Vou contar a de hoje:



Bem, fui pro Brasil numa viagem superrapidinha (10 dias) durante a Páscoa e na última noite que eu estava lá, tive uma crise de pedra no rim. Fui ao hospital, recebi a medicação adequada e fui aconselhada a procurar um urologista. Voltei pra Estocolmo e procurei um médico do convênio do meu trabalho (ainda não descobri a diferença entre esse convênio privado e o sistema público de saúde, mas tudo bem) e consegui uma consulta para daqui a 2 meses!!!! Eu ia até esperar, porque acho um saco ficar ligando pra médico, mas resolvi tentar encontrar algo mais rápido. Me indicaram um certo hospital e hoje de manhã eu liguei. Começa que você não fala com ninguém. É uma máquina que responde e pede pra você digitar o número do telefone e te diz uma hora que você receberá a ligação deles. Pra mim demorou cerca de 1 hora e a enfermeira ligou (eu tenho a impressão de que todas as secretárias de clínicas médias daqui de Estocolmo são enfermeiras). Ela não falava muito bem o inglês, e eu não falava muito bem o sueco, então a comunicação não foi muito fluente, mas o lance é que ela se recusou a marcar uma consulta pra mim! Eu perguntei umas 10 vezes: "POR QUE NÃO", e ela só dizia: "I CAN´T, I CAN´T!!!" ("não posso"). Ela insistia que a médica iria me ligar e eu só pensava "pilantra... tá querendo me despistar falando que a médica vai me ligar! Onde já se viu médico de hospital ligar pra paciente? Os médicos de hospital ficam atendendo emergência, gente que chega estourado de acidente... Se fosse em Conchas (minha cidade natal) eu até acreditaria, mas numa capital como Estocolmo??!!! até parece que eu acredito!". Insisti mais umas 10 vezes e obtive a mesma resposta. Até que me conformei e desliguei o telefone brava, xingando o sistema, os suecos, achando que aquilo era uma baita falta de profissionalismo!


Pois bem, cerca de meia hora depois, toca o meu celular!


"Alô, aqui é a Linda Waghe, urologista". Quase caí de costas! Pois não é que me ligou?? E me explicou tudo certinho o que está acontecendo no meu corpo agora, o porquê de eu ainda sentir dor, etc. Disse que a primeira coisa a se fazer é tirar um raio-X três semanas após a crise, para identificar a pedra e a partir daí seguir com o tratamento mais adequado. Ela perguntou meu número de identificação (tipo um RG sueco) e os meus dados pessoais e minha ficha médica apareceram na tela de seu computador. Ela então me disse que vai mandar pelo correio uma carta-convite para que eu compareça ao hospital para o raio-X. 


Desliguei o telefone e fiquei com o queixo caído por uns 5 minutos, até que o telefone tocou de novo:


"Oi, Priscila. É a Linda de novo. Esqueci de perguntar, qual lado está a pedra? É para as instruções do raio-X! Esquerdo? Ah, então tá, obrigada! Tenha um bom dia".



A nova princesa sueca

Primeira foto de Victória, Daniel e a princezinha.
Literalmente!
Nesta minha passagem pela Suécia, fico feliz por ter testemunhado um momento tão importante para a história do país: o nascimento da futura rainha.
Victória, filha mais velha do casal real Carl-Gustav e Silvia (filha de mãe brasileira), casou-se com o plebeu Daniel exatamente um mês após o casamento desta plebeia que vos escreve com o (meu) "príncipe" belga. E esta semana nasceu o bebezinho.
Pela regra - criada após o nascimento de Vitória -, o trono é passado para o primeiro filho do casal real, independentemente de ele ser do sexo feminino ou masculino. Ou seja, é Vitória quem herdará a coroa de seu pai. E esse bebezinho que ela carregava no ventre herdará o reino daqui a alguns anos.

Na quinta-feira (23/04/2012), a Suécia acordou feliz. Às 04:26 nasceu a mais nova princesa sueca, a futura rainha do país. Até o nascimento, ninguém sabia o sexo da criança. Quando o orgulhoso papai Daniel, na conferência com a imprensa, direto do hospital Karolinska (onde estudei Neuropsicologia!) anunciou o nascimento de uma menininha, a Suécia toda ficou feliz! Uma repóter soltou um "ah", e todos os outros sorriram. Foi bonito ver a emoção de Daniel. Mas mais bonito ainda foi ver a comoção do povo sueco.

Pra mim, era só mais uma criança nascendo. Mais que isso, uma criança que nunca vai trabalhar e mesmo assim viver uma vida de luxo e conforto. Minha mente "rebelde" é um pouco contra essas coisas... Mas eu não achei pessoas que compartilhassem da minha visão. Então fiquei calada e, como sempre, observei.

A Suécia estava em festa! E vi isso no sorriso e no olhar dos suecos que trabalham comigo! Todo mundo queria falar um pouquinho da Victória, do nascimento, do Daniel... O nascimento da princesa foi o assunto do dia! Pontualmente às 12:00 houve uma salva de tiros de canhão (eu acho), em homenagem à princesinha. 42, em vez dos 21 tiros que homenageiam o nascimento de um membro da família real. Este bebezinho merece o dobro, afinal, será um dia a rainha desse país. Pela Suécia todo, "bolos da Princesa" foram vendidos, e cada família ou escritório comemorou o nascimento do bebê.

O "Bolo da Princesa" ou "Prinsesstårta"


Aí veio a pergunta: "qual será o nome da princesa?". Todo mundo queria saber! No meu escritório, rolou um bolão. 20 Coroas (5 reais) por nome. Minha aposta foi em Catharina, e meus colegas chutaram: Alice, Sonja, Amanda, Emma, Desirré, Ingrid, Anna... O nome seria anunciado no dia seguinte, às 11:15.

Ainda na quinta-feira, houve na tv, além da reportagem no jornal das 19h, um programa de uma hora de duração com dois especialistas em assuntos reais, falando tudo o que se pode imaginar sobre a repercussão do nascimento mundo afora... Além de adivinhações do nome do bebê, claro. Repórteres estavam de plantão em frente ao castelo onde Victória e Daniel moram (a mais ou menos 2 km da minha casa! rsrsrs), informando, com a acurácia sueca: "o tio Carl-Phillip e Sofia (namorada de Carl-Phillip) chegaram para visitar o bebê às 17:11". Os avós "Sílvia e Carl-Gustav acabaram de deixar o palácio". E assim por diante. Soube que a princesa Madaleine, que mora em Nova Iorque, não estava aqui para acompanhar o nascimento da sobrinha. Parece que vai esperar uns dias para vir...

E no dia seguinte, o dia não tomou seu ritmo normal antes das 11:15. Todos estavam na expectativa. Parecia dia de final de copa do mundo! Eu achei aquilo tão fofo (e um tanto bobo, pra ser honesta...). Às 11:15, como prometido, ficamos sabendo do nome da princesa: Estelle Silvia Eva Mary. Ninguém ganhou o bolão e recebemos de volta as 20 coroas. Eu sugeri que comprássemos um "bolo da princesa" com o dinheiro, mas o marzipan, usado na cobertura do bolo, esgotou-se em Estocolmo e nas cidades vizinhas (pode?).

Outra coisa que achei muito bonitinha foi a reação das pessoas na rua. Vi pela tv e li no jornal. Os repórteres perguntaram para pessoas na rua: "o que você acha do nascimento da princesa?". E a resposta de todos foi muito positiva. "Ótimo! Quero desejar a Victória e ao Daniel toda a felicidade do mundo!", disse um. "Parabéns!!", disse outro. Nada de piadinhas, nada de coisas do tipo: "mais uma pra gastar o dinheiro dos nossos impostos"... tão estranho pra mim! Acho que a gente (brasileiro) está tão acostumado a julgar mal quem está no poder, que palavras e pensamentos negativos são as primeiras coisas que me vem à cabeça. Mas aqui não foi assim. Todos estavam felizes, sorridentes e recebendo de braços abertos a nova princesinha!

Em um dos prédios reais é possível assinar um livro de "bem-vinda ao mundo" para Estelle.
Veja aqui Daniel anunciando ao país o nascimento de sua filha. Ele diz:

"Nesta manhã, às 04:26, nasceu, com 51cm e 3280 gramas, uma muito bonitinha princesa".


Turbilhões em nossas vidas...


De acordo com minhas pesquisas informais, a maioria dos brasileiros que conheci na Austrália decidiram sair do Brasil porque a situação não estava lá aquelas maravilhas no nosso país tropical... emprego ruim, fim de relacionamento, morte de um ente querido... enfim, era como se a Austrália representasse uma virada, um lugar para enterrar o passado e, quem sabe, começar um novo futuro.


E comigo não foi diferente... eu estava passando por um dos piores momentos da minha vida... tinha saído da faculdade e deixado de ter a segurança de um mundo que era todo perfeito... meu namoro delicioso, meus amigos por todos os lados, as aulas de psicanálise, as conversa de bar de todas as noites... tudo aquilo tinha ficado num outro lugar, mas não num lugar acessível... tudo isso, de um dia para outro, tornou-se passado... e do passado, a gente só tem a lembrança. Nada mais.... No dia da minha formatura, o meu mundo teve que ser implodido... Eu voltei a morar com meus pais na minha cidadezinha, namorado e amigos espalhados pelo mundo e tão distantes de mim... comecei a trabalhar e parecia que não era bem aquilo... 


Morar com meus pais não era ruim! Eu gosto muito deles e sempre tive muita liberdade perto deles... esse, definitivamente, não era o problema! Era tudo ao redor, todo o entorno daquilo é que era negativo... O rumo que minha vida estava tomando não me deixava nem um pouco feliz!


O tempo foi passando e foi ficando mais difícil... porque as coisas foram ficando piores... talvez porque fui mais e mais me afastando dos meus objetivos... É que tudo se tornou uma grande confusão, e eu tentava me convencer de que aquela rotina era o que "deveria" ser, que a minha vida tinha mudado e que eu apenas tinha que, passivamente, aceitar essas novidades tão chatas...


Mas não era fácil!! Então era assim que tinha que ser? Então é isso que é "ser adulto, formado, com uma profissão?" Gente, aquilo era muito chato! Chato demais... e por não ter objetivos, ou por estar num caminho tão distante do que deveria ser o MEU caminho, eu fui ficando triste, triste, triiiiiiiiiiiiiste... Todos os dias eu pensava que seria melhor se a minha vida se acabasse... pois nada era feliz... e eu teria que viver mais quantos anos naquela mesmice? 


Eu acordava e pensava: "ai, tenho que ficar acordada por 15 horas até poder dormir de novo?"... sim... sintomas depressivos... mas a gente não se liga neles quando está no meio de tudo isso...





E as pessoas deviam me achar uma boba... porque apenas o que me dava alegria era pensar no meu passado... porque o presente e o futuro não faziam sentido algum pra mim... Pelo menos eu tinha aquele passado bonito, e poderia ao menos ter o prazer das lembranças dele...


Eu tentava me relacionar com pessoas, fazer novas amizades ou encontrar um carinha legal pra sair, mas tudo me parecia chato... e eu bebia muito álcool aos fins-de-semana... fumava depois do trabalho, nem sei pra que, mas acho que pra ter algo pra fazer... eu realmente não estava  vivendo uma vida saudável...


Mas eu sempre escrevi... Sempre tive a mania de ter um caderno no criado-mudo pra registrar meus pensamentos... e então eu escrevi algumas linhas e passei pro meu primo, que tem um talento fenomenal para música. Ele musicou minha poesiazinha, e acabou saindo uma música pra lá de bonita!


Se chama TURBILHÃO. A gente até patenteou, porque, quem sabe a música vira um hit? rsrsrs...


Muita gente que a ouve, pensa que estou falando de amor, de uma paixão arrasadora e tals... tudo bem, pois o legal de músicas, letras e poesias é que cada um tem sua própria interpretação... mas não é nada disso... É que eu sentia que eu tinha entrado num furacão, que tudo estava desorganizado na minha vida... eu via as pessoas e as alegrias passarem perto de mim, e num instante, elas iam parar bem longe... como num turbilhão, que faz tudo girar...


Eu tentava arrumar minha vida (minhas gavetas), mas tudo continuava bagunçado... E minha cara, de tanto chorar, já nem era mais a mesma. As pessoas diziam: "vai passar!", mas, porra! Por que não passa, então???? Por que demora tanto??? 


Minha vida tinha mudado tanto... como se meu mundo tivesse rachado ao meio! De repente, aquela vida que eu dominava, que era tranquila, "por onde eu andava em linha reta, sem nem pensar", já não mais existia... E refletindo sobre tudo isso, assim saiu:




TURBILHÃO


Seria um turbilhão que está passando?
E se tem que passar, por que não passa então?
Veio como um raio viajando
Sob os meus pés, rachando em dois o chão
por onde eu costumava ir
andando em linha reta
sem nem pensar...
De repente a água do rio se perdeu a caminho do mar
E no meio de um furacão fui parar

Vem, entra, fica, mora
desarruma minha casa,
bagunça todas as gavetas

Vem, entra, fica, mora
desarruma minha cara,
bagunça a minha cabeça







Copyright

Isso foi o que me mandou pra Austrália...


(continua...)
































Caronas... Ilha Solteira...

 Estava agora passeando pelo google maps quando resolvi dar uma olhada em Ilha Solteira, a cidade que visitei por 7 anos seguidos no Festival InterUnesp de MPB. O festival era (e ainda deve ser) uma delícia! Muitas músicas ótimas feitas pelos alunos dos diversos campi da Unesp. Muita MPB, estudantes-amigos-artistas interessadas em liberdade e em arte. Uma vez eu e dois amigos mandamos uma música de autoria de um deles... eu ia acompanhar no piano... mas infelizmente a música não passou... :( Enfim, Ilha Solteira me encantou de um jeito que prendeu meu coração por um longo tempo... 




A cidade é uma graça. Foi planejada para servir de abrigo aos trabalhadores da Usina Hidrelétrica, mas depois da obra feita, havia no local tanto recurso físico e intelectual no ramo da engenharia, que resolveu-se instalar lá a faculdade de engenharia da Unesp. Anos vão, anos vem, criou-se o festival de música, que é lindo!


                                                 "Prainha" à beira da represa Paraná 


Conheci muita gente querida por lá! Intercâmbio total entre as Unesps! Durante o dia a gente ia pra prainha, no chamado "Woodstock", e de noite o festival rolava no Teatro, bem em frente ao nosso acampamento, que se dava nas salas de aula ou nos gramados da universidade. A gente tomava banho no vestiário da Unesp, e invariavelmente a eletricidade caía. No primeiro dia a gente se assusta, mas depois tira-se de letra como tomar banho gelado, no escuro, ouvindo gritos de outras 8 meninas na mesma situação... rsrsrs...


Mas comecei a falar de tudo isso porque lembrei de uma carona especial que peguei lá. Eu já peguei e dei muitas caronas na minha vida, claro... não poderia ser uma viajante quase profissional se não tivesse feito isso... tive muita sorte com todas elas. E muitas caronas me deram mais do que transporte, como essa de Ilha Solteira, por exemplo. 


                            Pleno "Woodstock", muito calor!!! Nada melhor que uma "mangueirada"

Não me lembro em que ano foi, e também não me lembro ao certo quem estava comigo... mas o fato é que pra ir da Unesp até a prainha, à beira do rio Paraná, a gente tinha que pegar um ônibus circular, que demorava um tempãaaaao para chegar e estava sempre lotado... Então eu e minhas amigas, e outros grupos de estudantes também, acabávamos por ficar na beira da calçada com o polegar estendido, à busca de carona. E eis que um carro pára. 


Era um homem de seus 50 anos, ex-funcionário da represa. Ele nos contou várias coisas interessantes sobre a cidade - a população, as ruas planejadas, as casas do setor 1, 2 e 3, ou seja lá o que for, construídas para trabalhadores com respectivos níveis de instrução... não me lembro mais... e antes de nos deixar na prainha, ele nos levou para um passeio na ponte que passa sobre o rio, e que liga o estado de São Paulo ao de Mato Grosso do Sul. Foi muito bonito!


Mas o que eu gosto mesmo, e o que me marca, é o fato de encontrar essas pessoas de alma boa no meu caminho! De vez em quando fecho os meus olhos e faço uma oração, sem religião, para essas pessoas... que elas continuem aparecendo na minha vida e que eu possa retribuir essas boas ações a outras pessoas, assim como me pediu um outro cara que me deu carona no trajeto Assis-Bauru! 


Essa carona também foi mais que uma carona, e conto numa próxima oportunidade.



Palco do Festival, que rolava durante a noite no Teatro Municipal

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