Brahma em Estocolmo?

Qual não foi minha surpresa no sábado passado, quando, estando num pub irlandês no centro de Estocolmo para assistir Barcelona x Manchester, dei de cara com um letreiro da CERVEJA BRAHMA!!! Eis a foto do menu: 



E o preço?
O mesmo que de uma Leffe, cerveja belga deliciosa:

52 coroas suecas (cerca de 13 reais!!!!!!!!!!!!!!!!!!!).

Ai ai ai...

Bem, então já sabe... se você estiver em Estocolmo e sentir aquela vontade de tomar uma Brahma (vá saber, né? Tem doido pra tudo...), é só passar no Pub LIMRICK (http://www.limerickpub.se/).


Meus amigos artistas...

Entre as coisas mais gostosas que tenho na vida estão meus amigos-artistas. Aqueles que se expressam, que dançam pela vida livremente, sem se preocupar com o julgamento alheio... Que conversam cantando e que parecem fazer poesia ao falar... Que promovem encontros deliciosos, regados sempre a muito sorriso e leveza...

Esses amigos são os que tocam um instrumento, que pintam quadros ou paredes, que escrevem, que gostam de ler, pensar, refletir e encontrar soluções criativas e inovadoras para velhos problemas. Ou que gostam apenas de apreciar tudo isso.

Eles carregam no bolso uma caixa de fósforo pra chacoalhar num samba e um giz de cera pra alegrar a vida. E têm ainda uns que são mestres em jogar tudo pro alto e depois, surpreendentemente, dar conta de equilibar tudo ao mesmo tempo, mais do que as mãos parecem suportar. Estou falando do amigo-circense.

E para ele, encontrei em Estocolmo, pertinho de onde moro, uma loja que queria lhe dar de presente. Ela se chama JONGLERA, e lá dentro há tudo de mais criativo e divertido que se possa imaginar: bolinhas coloridas, malabares, cordas-bamba... Eles também indicam cursos onde se pode aprender a ser malabarista, mágico, andar de perna-de-pau... É linda!







E pra quem quer se especializar ou se profissionalizar na arte, Estocolmo oferece ainda - pasmem! - a Universidade de Dança e Circo (http://www.danshogskolan.se), em que o aluno sai formado em várias modalidades artísticas. Não é uma delícia?


No vídeo abaixo (recomendado pelo meu amigo-malabarista) você vai ver um ex-aluno da Universidade de Dança e Circo de Estocolmo: Wes Peden, o primeiro americano admitido na universidade, que em 2007 foi um dos 16 escolhidos dentre os 68 candidatos que passaram na peneira em que 200 inscritos concorreram.


A você, Marcelo Marmelo/Rodini/Mamute! Obrigada por ser um desses tão queridos amigos-artistas! 
;)

Estocolmo - passeio aéreo

Falo, falo e falo de Estocolmo... Mas é difícil imaginar essa cidade escandinava, que tem tantas riquezas arquitetônicas, verão com muita luz e inverno com muita escuridão... A cidade mais verde da Europa, onde a floresta está a 20 minutos da cidade. A capital onde se é possível pescar, caçar, ver coelhos, passarinhos e muitas árvores...
Pois para se ter uma ideia melhor de quão linda a cidade é, assistam a este videozinho, que mostra as 14 ilhas que formam a cidade de Estocolmo.
Espero que gostem!

Noite, cadê você???

Eu sei que quando o verão passar eu vou me arrepender de ter escrito o que estou escrevendo agora, mas aí vai: 

"NOITE, CADÊ VOCÊ?"

Quando acordo, às 6:45, o sol já está alto, o céu azul, os passarinhos cantando... é assim o dia todo, lindo!! Aí cai a tardinha... 17h, 18h... e nada de o sol se pôr! 19h, 20h, 21h!! É só por aí que o céu fica escuro, mas eu não posso dizer que fica aquele "BREU". Ontem eram 23:30 quando eu saí de um evento, e no horizonte, na direção oeste, ainda era possível ver o céu bem clarinho!

É gostoso ter dias tão longos assim... E olhe que o verão nem chegou! Mas por outro lado é ruim dormir e acordar com o céu claro... Não sei, é uma sensação estranha... parece que não é hora de dormir quando você se sente cansado... E quando acorda, o sol brilha tanto que a sensação é de que você acordou atrasado... 

E a claridade então? Ontem fui a uma loja de cortinas, a procura de um sistema que me dê 100% de escuridão. Resultado: os blackouts que eles vendem não chegam a 100% de escuridão! Sempre tem uma luzinha ou outra que escapa pelos cantos! Tão estranho... um país com tanta tecnologia não tem um sistema bom para bloquear a luz solar?? Logo aqui??

Uns dizem que é porque os suecos gostam de viver em contato com a natureza. Já ouvi também que o sol é raro, então eles pensam mais ou menos assim: "tanto faz que brilhe tão cedo ou tão tarde... isso não vai durar muito mesmo..." 

Vá saber... 

A calma que me dá...

Às vezes a vida não é fácil, todo mundo sabe... E neste momento da minha vida ando um pouco agitada com algumas coisas... obrigações a cumprir, inseguranças, confrontos e mais um monte de outras coisas que seriam estressantes por si só, mas que se agravam quando enfrentadas num país que não é o seu... Tudo fica um pouco mais difícil! Mudanças, mil... Mudanças físicas... Passei por várias casas, mas há quanto tempo não moro num “lar” que seja meu... Viajando, ficando aqui provisoriamente, morando ali por três meses, e mais três meses lá...

Vô Nelson
...e foi no meio deste leva-e-traz de malas que encontrei um CD mais que especial! Nele, 10 faixas de pura música brasileira... Chorinho e bossa nova das melhores... Mas mais que isso! Este é um CD só meu, ou melhor, só da minha família, e que não se pode ouvir usando internet, youtube, spotify ou baixar no emule! É o CD em que meu querido avô Nelson Anibal toca um lindo violão enquanto seus amigos “Pernambuco”, Celso e Cláudio solam um bandolim gostoso, batem pandeiro ou tocam cavaquinho. Foi gravado em fita cassete num gravador do qual me lembro muito bem... Acho que ainda está lá na casa da vó Gilda... Era vermelho, grande! Chique... meu tio João o trouxe dos EUA nos anos 80! Ai de quem mexesse nele!!! Só com autorização do vô Nelson!! E a minha irmã e eu ficávamos lá, em frente ao rádio, a observar suas cores e curvas. O vô Nelson vinha e nos colocava o fone de ouvido - dos grandes - pra que pudéssemos ouvir melhor a música... Ele dizia: "Tá ouvindo uma coisinha bem fininha, assim, 'tim tim tim'? Esse é o cavaquinho!". Lembro-me bem de ouvir "Samba Italiano", de Adoniran Barbosa. Ele queria porque queria fazer uma gravação nossa: as netas cantando em italiano (Piove, piove, fa tempo que piove qua, Gigi...) e ele tocando violão. Mas tínhamos tanta, tanta, tanta, tanta vergonha que nunca gravamos... Crianças... Se arrependimento matasse...

E essa é apenas uma das lembranças que o CD me traz... Infância, tranqüilidade, lar... É a trilha sonora que escolho (ou que me escolhe) para arrumar MEU novo lar. Para tirar as roupas das malas, os livros e os porta-retratos das caixas, com fotos de algumas das pessoas que amo, e que precisam me sorrir da parede, para eu não me esquecer, principalmente nesses momentos de incerteza em que o coração fica mais amolecido, que há coisas mais importantes na vida (meus amigos, meus discos, meus livros... tal qual em “Casa no Campo”)...

E a valsa que toca (“eu sonhei que tu estavas tão linda, numa festa de raro esplendor...”), solada com tanta destreza pelo tal do Pernambuco acalma meu coração e me faz sentir bem, mesmo olhando pela janela e vendo paisagens e passagens tão diferentes e às vezes assustadoras. Transfiro-me mentalmente para as reuniões familiares de antigamente, principalmente na casa dos meus queridos Maia, Xan e Suzana, quando eu devia ter uns 9 ou 10 anos de idade, e começava a me dar conta do que é música... Engraçado... é como se essas canções tivessem o ritmo do meu batimento cardíaco. Porque me soam tão naturais...é tão rítmico... bate lá dentro!

Aí, no meio das caixas e das malas, encontro o violão! Ah, o violão! É sempre bom ter um instrumento por perto (“como é bom poder tocar um instrumento”, diz Caetano – né, Naldo?). Tiro o pó, sopro, afino-o. Encontro, lá no fundo da minha memória, algumas notas e até arrisco tocar algumas canções. Aqui, só pra mim. Então, sozinha, sentada no meio da bagunça do chão da sala, entre porta-retratos, música do vô Nelson, um pedaço do bolo que fiz - receita da vó Gilda - CDs de MPB, a biografia do Freud e um violão na mão, fecho os olhos e concentro-me mais no pulsar do meu coração do que no mundo lá fora. E quando os abro novamente, calma e rodeada por tudo o que para mim simboliza Paz, passo a ter CERTEZA de que tudo vai dar certo!


A língua sueca!

Bem, como estes dias têm sido de estudo intenso, inspirei-me para escrever sobre a nova língua que estou aprendendo: o sueco.

Quando vim visitar a Suécia, num fim-de-semana de setembro do ano passado e vi os anúncios, as placas, os cartazes, mostrando aquelas letrinhas diferentes, achei a língua supercharmosa! Ouvi-la também me dá prazer. É como música. Porque o sueco é cantado! Cheguei à conclusão de que o sueco é como o italiano: de nada adianta você saber as palavras e a gramática se você não "canta" a frase. Experimente dizer, sem a melodia típica italiana o seguinte: "Mangiare, che ti fa benne!". Agora mude, e "cante" a frase na melodia italiana, acentuando as sílabas e gesticulando bastante, com as duas mãos... Quanta diferença, né?
Pois a língua sueca também é assim! Cantada! 

Bem, a melodia pode até lembrar o italiano, que é uma língua latina e portanto, um pouco "parecida" com o português. Agora, as palavras... não têm NADA a ver... A não ser as palavras internacionais, como telefon, fabrik, radio, teve... Mas as genuinamente suecas não apresentam qualquer semelhança com o que conhecemos... 
Entendeu algo?


Português, espanhol, italiano, francês, romeno e catalão são línguas neolatinas, ou seja, derivadas do latim. Inglês, alemão, holandês, islandês, norueguês, sueco, entre outros idiomas são línguas germânicas. Meus anos de estudo de língua alemã como aluna ouvinte das aulas do Fábio Chiquetto no curso de letras da Unesp-Assis, minhas ótimas notas e minha dedicação parecem de nada adiantar... lembro-me de uma ou outra palavrinha, mas não muitas. O holandês, que aprendi no ano passado, quando vivi em Bruges, na Bélgica, esse sim, ajuda bastante no aprendizado do sueco. A gramática é muito parecida, e as palavras, embora não sejam exatamente iguais, soam ou são grafadas de maneira parecida.

O sueco tem 9 vogais (!!!), mas mais de 18 sons de vogais, pois dependendo da letra que acompanha a vogal, o som muda. (AI!). Também tem consoantes quase impossíveis de se pronunciar, como o "SJ". Tem que fazer um curso específico só pra aprender a falar isso!!!

As 9 vogais da língua sueca


Não há feminino ou masculino, mas uma coisa pode ser "EN" ou "ETT". E isso muda todo o resto da frase. Não há regra, assim como não há regra no português para saber se algo é feminino ou masculino. Tem que decorar! (AI número 2!). 

O plural tem 5 terminações diferentes. (AI número 3). Não é como o inglês, em que a gente só adiciona um "s". 

E por aí vai...

Desafios, desafios, desafios... Depois de aprender holandês ou sueco, vi que realmente o inglês deve ser a língua mundial, pois é a mais simples de ser aprendida... poucas regras, formas simples... 


Um detalhe interessante! A Suécia, com seus benefícios sociais, sempre pensando no povo e no seu bem, oferece, gratuitamente, a todos os estrangeiros que aqui residem um curso de línguas e cultura. A escola é ótima, tanto na estrutura  física quanto na qualidade do curso. De manhã temos aulas de gramática e vocabluário e de tarde as aulas são mais generalizadas: música (adoro!), computação, pronúncia, redação, entre outros. Os alunos são classificados de acordo com seus estudos anteriores, e há vaga para todos - de não alfabetizados a acadêmicos. 

Essa é a Suécia!

PS: este post é dedicado especialmente ao meu querido amigo Fabiano Fernandes (Bolaxa), professor de francês formado pela Unesp e que, assim como eu, colhe os frutos da grande aventura de morar num outro país!