Quem tem rodinha no pé, como eu, sabe que essa vida de viajante não é fácil... A gente morre de saudade de tudo o que é nosso... do Brasil, das palavras, da família, dos amigos...
Acabei de voltar a Estocolmo, depois de 3 semanas e meia no Brasil, onde tive o prazer de encontrar um moooooonte de gente querida que eu não via há um tempão... Passei alguns dias na casa da minha juventude, dormindo no meu quarto vermelho, revendo fotos de rostos jovens, vídeos de menininhas e menininhos de pele lisinha, cartas perfumadas, beijadas, raivosas, rabiscadas... diários que contam nos mínimos detalhes como foi que aquele menino de quem eu gostava, enfim, um dia quis ficar comigo...
Muitas lágrimas e muita saudade... Como o tempo passou rápido! Meu aniversário de 15 anos foi há 15 anos mesmo? Sério? Lembro de tudo... das músicas, das dancinhas com o paquerinha, da blusinha que comprei em Tatuí especialmente para a ocasião... A Babi, minha cachorrinha, ficou bebendo as cervejas que caíam no chão e voltou pra casa trançando as pernas, tadinha... Ela morreu em 2001. Na fita vejo meu tio, todo animado, dançando no palco com meus amigos... meu avô... pessoas que já não estão mais aqui...
Mas muitos outros estão... E foi muito legal ver a carinha deles no vídeo de 1994 (meu aniversário de 12 anos)! Bailinho com dança da vassoura... todo mundo envergonhado, olhando para todos os lugares, menos para o rosto do par! Hahaha, muito bom!
Fotos mil... Diários, meu Deus... como o "tape" (a festinha que acontecia todo sábado no clube da cidade) era bom! Tudo acontecia lá! Tudo o que tinha começado na praça tinha seu fim lá... As paqueras, as conversas... e o tão desejado beijo...
Amigos mais recentes... Universitários... seguindo suas vidas... alguns continuando a estudar, outros continuando a trabalhar... muitas dúvidas, mas muita vontade de brilhar!
Quem vive o cotidiano com a presença do passado talvez não tenha a mesma percepção que eu, que cada vez que me confronto com ele, fico baqueada... Essas coisas e pessoas são por mim revisitadas apenas uma vez ao ano... e AMO vê-las, beijá-las, abraçá-las... O problema é que no dia de ir embora, dá um aperto no peito... quando você entra no portão de embarque do aeroporto e dá aquela última olhada em quem veio se despedir... o coração derrete... e você entra no avião choramingando, cheia de dúvidas, de questionamentos... será que é isso mesmo? Será que esse é o certo? Será?? Será? Será?
Acho que a dor por trás disso é em ver que o seu mundo, tão conhecido, seguro e igual se modifica sempre... e você não está lá para acompanhá-lo... Aquela árvore foi cortada, o tio da sua amiga faleceu, aquela rua foi asfaltada, e aquela casa, que sempre, sempre, sempre esteve lá, foi demolida. É uma dor...
Uma pessoa a seu lado te vê chorando... vocês começam a conversar. Ela te ouve e te conta que você ainda é tão jovem que tem pela frente outras 2 ou 3 vidas para viver... Assim como ela está fazendo... Ela já morou por 4 anos na França, voltou, casou, teve filhos, viveu anos e anos no Brasil e agora está morando na França novamente. Descobrindo tudo novamente. Não é uma delícia?
Acalmei-me... acho que ela tem razão... Olhando para trás, nos vídeos, fotos e diários que vi, percebi que muita coisa mudou, que muitas coisa aconteceu durante esses 30 anos da minha vida... todas foram importantes, mas muitas foram passageiras... independentemente de terem durado pouco ou muito tempo, elas acabaram... e a gente segue em frente... sem perceber... e assim vai ser novamente, depois que essa fase "Estocolmo" se acabar... outras virão!
Nem sei o nome dessa doce mulher que me contou que ainda tenho tempo para fazer tudo o que quiser, mas sou muito grata a ela!
Espero que ela leia este post!
Lindo Priscila, mais uma vez vc me emocionou. Bjs e já recheados de saudades.
ResponderExcluirLindo Pri, emocionante e verdadeiro!!!!
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